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Resumo:
Emissores estrangeiros migraram para o dólar neste ano em ritmo recorde, e soberanos da Indonésia à Colômbia, empresas como Nissan e a concessionária de saneamento de Manila acumulam vendas de US$ 1,29 trilhão.
É uma lição econômica importante da crise de Covid-19: assim como aconteceu na esteira do colapso financeiro global de 2008, o dólar consolida seu papel como moeda dominante mundial, mesmo que políticas unilateralistas do presidente Donald Trump incomodem aliados e rivais.
“Sempre que há uma crise, empresas e países correm para garantir que tenham todo o financiamento de que precisam”, disse Jim ONeill, o ex-economista-chefe do Goldman Sachs que cunhou a sigla BRIC.
“Os mercados de dólar são a única fonte real disponível, então toda a situação se intensifica a partir dela mesma”, de acordo com ONeill, que é presidente do grupo de política internacional Chatham House.
A facilidade de obter financiamento em dólar no mundo todo tem sido fundamental para evitar que a crise econômica e de saúde se transforme em uma espiral financeira, ao fornecer a empresas e governos acesso barato a fundos.
Mas também pode estar plantando sementes para a próxima crise: se o dólar passar por uma tendência de valorização sustentada, aumentará os custos do serviço da dívida, o que pode dificultar pagamentos no futuro.
Esse é um risco particular para mercados emergentes, onde a dívida externa, incluindo empréstimos em dólar, sobe no ritmo mais rápido já registrado, com emissões para todo o ano prestes a ultrapassar US$ 750 bilhões, de acordo com Damian Sassower, estrategista da Bloomberg Intelligence.
A falta de alternativas globais ajuda a explicar parte do papel do dólar. O status do euro como moeda de reserva permanece limitado, e a moeda da China ainda está sujeita a controles de capital.
É também questão de custo. O Federal Reserve ainda injeta enorme liquidez e, com a expectativa de manutenção dos juros próximos de zero nos próximos anos, o dólar é ainda mais atraente como fonte de financiamento.
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